O Ministro Sérgio Moro foi sabatinado durante dez horas pelo Senado Federal. Lá esteve outras vezes. O Ministro Paulo Guedes, outras tantas. Os dois ministros da educação também. A Ministra Damares, idem. A Ministra Tereza Cristina, da mesma forma.
Não aprofundei a minha pesquisa. Mas, certamente todo o primeiro escalão do governo foi sabatinado pelos Senadores e Deputados Federais e participou de longas entrevistas à imprensa em razão das sabatinas nestes poucos meses de um governo de quatro anos.
Algo semelhante tem acontecido, com certeza, com os demais escalões do Poder Executivo.
Todo esse trabalho e retrabalho produziu notícias, debates e opiniões. E o povo brasileiro ganhou o quê com todo esse movimento? Muito, muito pouco… talvez nada.
O compositor Arnaldo Antunes compôs a música “Muito Muito Pouco”. A letra se encaixa direitinho no que tem sido a relação entre os poderes e o povo brasileiro:
“Tem muita gente e muito pouco pão
Tem muito papo e muito pouca ação
Tem muito pouca dúvida e muita razão
Tem muito pouca ideia e muita opinião
Muita pornografia e muito pouco tesão
Muita cerimônia e muito pouca educação”
O tempo gasto pelo governo com explicações no Congresso Nacional, a grande maioria de absoluta inutilidade pelo conteúdo e repetição, seria demais em qualquer lugar do mundo.
Contudo, representa um peso enorme sobre os ombros dos contribuintes brasileiros, pelo grau de dependência que a sociedade tem do Estado e o tamanho da conta que paga em tributos.
Não se fez ainda o cálculo exato do custo de uma sessão no Congresso Nacional, mas, sem o risco de errar, é possível trabalhar na casa do milhão. Estamos, portanto, diante de um problema.
Qual seria a solução? Estaria em se oferecer à opinião pública a informação preciosa do custo e do benefício das vezes em que os membros do Poder Executivo são obrigados a abandonar o trabalho para serem sabatinados pelos membros do Poder Legislativo. A informação envergonharia ou, quando menos, constrangeria os parlamentares na relação deles com o povo, esta sim, com poder suficiente para mudar o rumo da história.
*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.
Por Jackson Vasconcelos