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ESCRAVO, NEM DE DEUS…

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O Estado só faz sentido se for a garantia paga por todos para que todos tenham liberdade, segurança pública e segurança jurídica, que quer dizer leis iguais para todos, indistintamente, todos. 

Ora, ao que se sabe, o Estado Brasileiro falha nos três quesitos. Ele não me garante liberdade, nem segurança pública e já se sabe de sobra, que sequer segurança jurídica. Para que existe ele, então? Explorar e infernizar a vida das pessoas. E cobra caro por isso. 

Quanto à liberdade, nela está a de iniciativa, que a economista Deirdre McCloskey define como o instrumento para vencer a pobreza, como fez no artigo, que publicou durante a semana passada na Folha de São Paulo, “O Cristianismo e o Liberalismo”, reproduzido em parte no Boletim da Liberdade e a mim sugerido para leitura, pelo Gabriel Menegale. 

Os não liberais desacreditam disso. Para eles, só o Estado tem a capacidade de eliminar a pobreza com políticas públicas adequadas. Por isso, defendem um Estado que dê educação, saúde, teatro, ping-pong, petróleo, turismo, casa, comida e tudo o mais que a criatividade e o desejo de um bom emprego dos burocratas consiga alcançar. Em troca, o Estado nada mais pede do que a liberdade do indivíduo. O que é isso, diante de tantos benefícios? 

Deirdre McCloskey, na entrevista ao Paulo Gontijo, do Livres, num hotel em São Paulo, há dois anos, definiu a liberdade, pelo conceito do seu contrário, a escravidão. Disse ela: “Voltando para a origem latina da palavra liberdade, liber significa uma pessoa livre, em oposição às pessoas escravizadas. Então, a crença central do liberalismo é a noção que se tornou popular pela primeira vez nos anos 1700, a de que nós deveríamos ter uma sociedade na qual ninguém é escravo. Nem escravo de um mestre, nem escravo de um marido, nem escravo do Estado”. 

Eu afirmo que, escravo, nem de Deus, porque Ele detesta a escravidão e, por detestá-la, concedeu ao ser humano, o livre-arbítrio. Deirdre cita o livre-arbítrio no artigo “Cristinanismo e Liberalismo”. Diz ela: “o livre-arbítrio, que pela teologia cristã nos é concedido por Deus, combina com a liberdade de escolha na economia”. Combina não! É a própria essência, porque a liberdade de escolha na economia é que livra o indivíduo do pior tipo de escravidão, a pobreza profunda. 

Deus nos fez livres, por ser livre. É na liberdade, no livre-arbítrio, que está o sentido da nossa “imagem e semelhança” com Deus”. Deus precisou ser convincente, paciente e mágico, para fazer com que Moisés conduzisse os judes para fora do Egito. No deserto, alertado por Moisés, Deus arrependeu-se de ter determinado a eliminação dos idólatras e reconsiderou. O livre-arbítrio Deus concedeu e nem Ele pode tirar. Por isso, o mundo vive as mazelas que vive, sem que Deus consiga interferir para evitar. 

Quando o povo encasquetou com a ideia de ter um rei, para ser igual aos seus vizinhos, Deus contestou. Deus reagiu, mas não conseguiu evitar. Cedeu. E olha que Ele usou como argumento a melhor definição que já encontrei para o Estado, algo que faria com que, qualquer indivíduo, com bom senso, desistisse de ter um rei. Mas, o livre-arbítrio anulou o argumento divino. 

Deus avisou: “Este será o costume do rei que houver de reinar sobre vós: ele tomará os vossos filhos, e os empregará nos seus carros, e como seus cavaleiros, para que corram adiante dos seus carros. E os porá por chefes de mil, e de cinquenta; e para que lavrem a sua lavoura, e façam a sua sega, e fabriquem as suas armas de guerra e os petrechos de seus carros. 

E tomará as vossas filhas para perfumistas, cozinheiras e padeiras. E tomará o melhor das vossas terras, e das vossas vinhas, e dos vossos olivais , e os dará aos seus servos. E as vossas sementes, e as vossas vinhas dizimará para dar aos seus oficiais e aos seus servos. E também os vossos servos, e as vossas servas, e os vossos melhores moços, e os vossos jumentos tomará, e os empregará no seu trabalho. Dizimará o vosso rebanho, e vós lhes servireis de servos…”(I Samuel 8). 

Nascia o Estado, para quem, todos os demais além de seus agentes, são servos. E como ainda estamos no ambiente do Cristianismo, por sugestão da Deirdre, tragamos João 15:15: “Já não vos chamo de servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor…”. E não sabemos mesmo. Só votamos e deixamos pra lá. 

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A casa branca, Domínio público, via Wikimedia Commons
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