O Tribunal de Contas da União tirou o mandato da Presidente da República, quando por unanimidade de votos reprovou-lhe as contas de 2014 e encaminhou a decisão com uma série de discursos de desagravo em favor do relator da matéria. A Presidente poderá permanecer por algum tempo na cadeira presidencial, mas perdeu legitimidade e quando o poder se sustenta só sobre a legalidade, a capacidade de influir nas decisões, essência conceitual do poder, desaparece.
Em que ponto falhou a presidente para, menos de um ano depois de reeleita e poucos meses após o mandato, perder a legitimidade? Há quem vincule o fato às mentiras da campanha e existe quem diga que o problema dela está na tolerância com a corrupção. Antes fosse só isso, porque com pedidos de desculpas e reconhecimento dos erros, a Presidente teria ultrapassado as dificuldades, que derrubaram a sua legitimidade.
Contudo, a Presidente errou quando perdeu a capacidade de fazer política. Mas, alguns perguntarão, que diabos é a política? Os que forem à busca dos dicionários e das formulações da Ciência Política encontrarão sinônimos vários. Eu prefiro a melhor definição: é a maneira pacífica de resolver conflitos. Onde não há política, impera a violência, a guerra, o tecido social fica dilacerado, a capacidade de dialogar desaparece.
A Presidente não pacifica os conflitos. Ao contrário, ela os agrava e torna impossível a prática da política. Ela age assim porque ignora o que seja a política. Por isso, no exercício do poder é arrogante e vive soberba sobre a convicção de que, só pelo fato de ser Presidente da República, ela é sábia o suficiente para governar pessoas e resolver problemas. Quebrou a cara!
Com um ser arrogante, o processo de deslegitimação é rápido. O tempo entre o que diz e o que prova fica cada vez mais curto. Proprietário absoluto da verdade, o arrogante acredita que tudo em que pega se transforma em ouro. Com o tempo, os colaboradores sinceros e eficientes perdem a paciência, cansam e abandonam o barco. Ficam os bajuladores, elementos essenciais na vida dos arrogantes, dos soberbos. E, os bajuladores não avisam a proximidade do perigo, não criticam os erros, não avaliam as decisões. Simplesmente, bajulam. A Dilma tem os seus bajuladores e entre eles está o Advogado-Geral da União, cidadão Adams. Ele levou-a desarmada, arrogante, à cova dos leões que julgam as contas dos presidentes. Eles devoraram da Presidente o que lhe restava de poder legítimo.
Ela, agora, caminhará como alma penada entre os salões do Palácio à espera do dia em que alguém venha lhe dizer: “Minha Senhora, acabou!”.
Por Jackson Vasconcelos