Em 1974, Muhammad Ali-Haj, “o maior” pugilista de todos os tempos derrotou George Foreman e reconquistou o cinturão de campeão mundial de boxe na categoria dos pesos pesados. Numa entrevista, alguns dias depois, ele deixou uma frase que foi a minha primeira aula de estratégia para as campanhas eleitorais: “não deixe o adversário perceber o golpe que doe mais, porque é ali o lugar em que ele baterá sempre e cada vez com mais força.” Que se pode traduzir para: “não passe recibo, se quiser vencer.”
Eu estava com 11 anos de idade quando soube que ele conquistou o título de campeão do mundo. Não vi a luta, porque os tempos eram de tecnologia fraca e de pulso forte dos pais, que censuravam o boxe.
Mas, desde o momento em que foi possível acompanhar as lutas, estive atento. Em 1971, vi Muhammad Ali-Haj ser derrotado pelo Joe Frazier. Torci por ele de ficar com a garganta doendo. Fui recompensado pela vitória sobre George Foreman, uma luta que vale rever, desde a entrada apoteótica do Muhammad Ali-Ha no ringue. A tecnologia hoje permite (como o mundo mudou!): https://youtu.be/YJphXRp0sRI
De todas as lições que Muhammad Ali-Haj deu ao mundo, a melhor veio com a decisão dele de não se alistar para a Guerra do Vietnã: “Os chamados negros vão combater a milhares de quilômetros dos Estados Unidos, para lançar bombas e balas sobre pessoas inocentes que nunca nos incomodaram…”, é a lógica maluca das guerras. E, Muhammad Ali-Haj, deixou clarou que não participaria desse lógica maluca…”Mas eu digo frontalmente: não, eu não.” Foi condenado a 3 anos de suspensão da licença para lutar. Durante esse período ganhou dinheiro como ator num dos musicais de Broadway, Buck White, mas inspirou as ondas de protesto contra a guerra do Vietnã.
Muhammad Ali-Haj, um bailarino que dedicou a vida ao boxe, mostrou que o esporte, mesmo aquele que carrega a imagem da violência, pode ser um culto à beleza e que a imagem forte de um atleta de um esporte considerado violento consegue dar lições de não violência ao mundo.
Por Jackson Vasconcelos