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Aqui mora um otário.

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Tem gente que vende o voto. Sabemos que tem e fala-se que o voto tem sido comprado por algo em torno de R $50,00 ou R $60,00. É pouco ou é muito? 

Só se saberá se o preço pago é o preço justo, conhecendo-se o benefício que o voto entrega para quem o compra. 

Vamos lá. Um voto para deputado estadual, deputado federal e senador dará ao eleito o acesso a um emprego seguro por quatro anos ou oito anos, com um salário que está acima dos R $30.000,00 reais. Dará ao eleito um excelente plano de saúde, transporte em carro próprio ou oficial com todas as despesas de locomoção pagas . E, além do salário, o eleito terá, durante 4 ou 8 anos, a liberdade para nomear quem ele quiser para compor o gabinete de trabalho. Os escolhidos podem ser parentes, amigos, correligionários ou alguns eleitores, nunca todos, porque as vagas não chegam aos milhares. Ficam nas dezenas. Então, certamente, quem vendeu o voto não terá lugar nos gabinetes, porque já recebeu a paga pelo bem que entregou. 

Está claro, portanto, que um voto comprado por R $50,00 ou R $60,00 dará acesso ao comprador à fortuna resultando da soma de todos os salários e vantagens que ele terá por 4 ou 8 anos. E como o cidadão ou cidadã eleitos já pagaram pelo que receberam, poderão curtir os benefícios sem prestarem contas. 

Como se resolverá essa relação entre os benefícios que o voto representa para o eleito e o valor dele para os eleitores? Dispensando-se o candidato de pagar em dinheiro pelo voto e exigir dele que pague em serviços. 

O eleitor pode exigir do candidato que ele coloque à disposição de seus eleitores toda a estrutura que recebe quando eleito e todas as prerrogativas também. A prerrogativa de votar os orçamentos públicos, por exemplo. A prerrogativa de fiscalizar os atos e decisões de governadores, secretários, ministros e presidente da república. A prerrogativa de passar férias na Disneylândia com a família.   

Mas, isso feito, como cobrar? Ora, deve-se cobrar todos os dias e horas possíveis, utilizando-se os canais de cobrança que a tecnologia colocou à disposição dos eleitores.  Deve-se cobrar quando o eleito retornar para pedir o voto novamente. Deve-se cobrar avisando aos desatentos sobre o que andam a fazer os eleitos. 

Agindo-se desse modo, o voto entregue ao candidato terá um valor bem maior do que o recebido pelo eleito. O voto será o melhor investimento que um eleitor poderá fazer para que ele tenha os governos a serviço dele. 

Quem vende o voto pelo preço em dinheiro que os candidatos oferecem fique à vontade para colocar um cartaz ou uma tabuleta na porta de frente de sua casa com os dizeres: “Aqui mora um otário com sua família”. Isso facilitará o trabalho dos candidatos compradores de votos, quando eles estiverem nas ruas em campanha. E eles já estão, para uma eleição que acontecerá logo, logo. 

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A casa branca, Domínio público, via Wikimedia Commons
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