Do meu amigo, Rubem Medina, recebi a última pesquisa da XP Investimentos, que foi ao campo nos dias 17, 18 e 19 de fevereiro, para ouvir 1.000 pessoas sobre o desempenho do governo do Presidente Jair Bolsonaro.
A pesquisa mostra que antes da posse dele, 63% da população acreditava que o governo seria ótimo ou bom. Uma expectativa natural para o início de um mandato que, no entanto, mudou rápido até chegar à 34% e, praticamente, estacionar aí. A expectativa de o governo ser ruim ou péssimo esteve, no início do mandato, em 15%. Hoje 33% da população já acreditam que o restante do mandato poderá ser ruim ou péssimo.
Os dados me autorizam afirmar, então, que no ar paira alguma decepção. Mas, com o quê? O que prometeu o governo?
Jair Bolsonaro assumiu o compromisso de evitar a corrupção, enfrentar o crime, proteger os costumes dos conservadores e destravar a economia, travada pelo Estado.
Sobre a corrupção, a pesquisa mostra que no mês da posse, 16% das pessoas acreditaram que nos seis meses seguintes a corrupção teria diminuído ou diminuído muito. Agora, em fevereiro, 33% acreditam nisso para os próximos seis meses. Uma evolução a favor do governo. Na outra ponta, 54% das pessoas ouvidas tinham a expectativa de aumento da corrupção nos seis meses seguintes. Hoje, apenas 28% acreditam nisso. Outro dado altamente favorável ao governo. Então, no quesito percepção da corrupção o governo vai bem.
No combate à violência, a pesquisa mostrou que 47% acreditam que a violência e o crime diminuíram. Só 20% têm o sentimento de que aumentou. Então, aqui também o governo se sai bem.
Sobre a economia, os dados mostram que 47% acreditam que a economia está no caminho certo e 40% acreditam que não. O governo vence, mas por pouco. Existe um racha na população.
A expectativa com a economia é, portanto, o quesito frágil. No entanto, o governo Bolsonaro está blindado neste campo, porque só 15% dos eleitores lhe conferem culpa pela desaceleração ou crescimento pífio. 55% creditam o resultado ruim aos governos de Lula (31%), de Dilma (13%) e de Temer (11%). E há os que creditam o resultado a fatores externos, (13%). Então, para 68% da população, os resultados econômicos ruins ainda não atingem o governo.
Que maravilha de cenário! Ah se o governo aproveitasse melhor esse momento! Mas, apesar de tudo isso, percebe-se que o governo se atrapalha ao mesmo tempo em que passa a ideia de estar inerte diante dos problemas nacionais.
Para falar de inércia, ninguém melhor que o físico Isaac Newton. Diz ele: “Se a força resultante sobre um corpo é nula, ele permanece em repouso… Um corpo em repouso tende, por inércia, permanecer em repouso… Para que as tendências inerciais de um corpo sejam vencidas, é necessária a intervenção de uma força externa”.
O governo precisa de aceleração. Tudo indica que a vontade do governo – pelo menos de alguns de seus agentes – seja caminhar para a frente, para ampliar o número de pessoas que acham o governo ótimo e bom. Mas, Jair Bolsonaro e alguns de seus ministros não ajudam.
A oposição, evidentemente, tem preferência natural por empurrar o governo na direção do ruim e péssimo, mas não parece saber exatamente como fazer isso. Busca auxílio na segunda parte da primeira lei de Newton: tanto mais atrito menos aceleração. Toda vez que o governo se mexe, a oposição cria atritos e, curiosamente, tem contado com a ajuda do presidente e de alguns de seus ministros. Eta gente que gosta de atritos, de confusão!
A pesquisa XP mostra que, por enquanto, há paciência na população, mas, a qualquer momento isso pode mudar e, se e quando mudar, o governo terá conseguido a façanha de transformar uma oportunidade de ouro em uma ameaça e tanto. Aguardemos.
*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.
Por Jackson Vasconcelos